O projeto Ciência&Clima, promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), deu início a um diálogo com instituições governamentais, civis e acadêmicas para discutir os impactos, vulnerabilidades e adaptações relacionadas às mudanças climáticas. O primeiro encontro ocorreu na quarta-feira (20) em Brasília, com o intuito de mapear iniciativas e estudos técnicos que possam contribuir para os relatórios de transparência do Brasil à Convenção do Clima.
Em 2026, o Brasil deverá apresentar a Quinta Comunicação Nacional e o Segundo Relatório Bienal de Transparência, alinhando-se aos compromissos do país na Convenção do Clima e no Acordo de Paris.
O envolvimento de diferentes instituições na criação desses documentos através de um mecanismo de coprodução é uma iniciativa inovadora dentro do projeto e visa aumentar a participação geral. Mariana Paz, especialista em impactos e adaptações do Ciência&Clima, destacou que “especialistas estão levantando informações relevantes para os relatórios de transparência, abordando ações concretas de adaptação, cenários de impactos observados, riscos e vulnerabilidades, além de monitoramento de políticas públicas.”
O encontro contou com a presença de aproximadamente 50 participantes engajados em estudos, pesquisas ou em políticas públicas implementadas em seus territórios. Durante o mapeamento, foram definidos temas prioritários, como impactos observados e riscos climáticos. Apresentações sobre o escopo do projeto enfatizaram objetivos de adaptação global e nacional, interligados no Plano Clima.
A Quinta Comunicação Nacional ampliará a abordagem sobre impactos e vulnerabilidades, incluindo áreas além da segurança alimentar, hídrica, energética e socioambiental. “O Brasil possui 16 planos setoriais e nove objetivos nacionais, e será necessário reportar os impactos e ações planejadas e em execução”, explicou Paz. “Estamos promovendo um maior engajamento de atores nesse processo para enriquecer os relatórios de transparência do Brasil.”
O painel da manhã, focado em justiça climática e gênero, enfatizou a importância de integrar essas dimensões na produção de conhecimento e na formulação de políticas climáticas. Pedro Jacobi, coordenador do grupo de estudos de meio ambiente e sociedade do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, ressaltou que a ciência está cada vez mais atenta à justiça climática, que busca proteger os mais vulneráveis diante de eventos extremos. “Justiça climática é a necessidade de políticas públicas que incluam questões raciais, étnicas e sociais nas respostas necessárias”, sintetizou.
Na parte da tarde, os participantes foram divididos em grupos temáticos para discutir lacunas de conhecimento, dados necessários e oportunidades de colaboração, resultando no mapeamento de diversas iniciativas com potencial para sinergias.
O projeto Ciência&Clima, que apoia o governo brasileiro na elaboração de relatórios de transparência para a Convenção do Clima, é uma cooperação técnica internacional com suporte do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e recursos do Fundo Global do Meio Ambiente (GEF). Uma de suas áreas de enfoque abrange impactos, vulnerabilidade e adaptação.
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