Com 14 mil atendimentos realizados, o mutirão do programa “Agora Tem Especialistas” em território indígena superou as expectativas em sua primeira edição. Entre os dias 1º e 9 de agosto, o evento ocorreu na aldeia Belém dos Solimões, uma das maiores do Brasil, e registrou 12 vezes mais serviços especializados de saúde do que os 1,2 mil atendimentos inicialmente previstos. Os povos Tikuna, Kokama, Kambeba e Kanamari, que habitam a região em Tabatinga (AM), foram os principais beneficiados.
A ação, organizada pelo Ministério da Saúde em parceria com a Agência Brasileira de Apoio à Gestão do SUS (AgSUS), visou reduzir o tempo de espera por consultas, exames e cirurgias. As equipes multidisciplinares e equipamentos de última geração proporcionaram 182 cirurgias oftalmológicas, 1,9 mil consultas e 11,2 mil exames e procedimentos. Além disso, 651 óculos foram entregues à comunidade, que abriga cerca de 10,5 mil indígenas.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que a iniciativa trouxe mais do que equipamentos e profissionais de saúde, mas também respeito à cultura e ao modo de vida das aldeias. O atendimento foi adaptado para as comunidades, incluindo a presença de intérpretes para auxiliar indígenas que não falam português.
Padilha enfatizou ainda a importância do atendimento humanizado. O centro cirúrgico montado dentro do território representa uma inovação social, permitindo que a população tenha acesso a cuidados especializados sem a necessidade de deslocamento para longas distâncias.
Eládio Curico, membro do Conselho Nacional de Política Indigenista, expressou sua gratidão pela ação, ressaltando a evolução do SUS em seus 35 anos de atuação. O indígena, que foi submetido a uma cirurgia oftalmológica devido a catarata, recuperou a visão em apenas 24 horas.
A oftalmologista Carolina Martines trabalhou no Centro Cirúrgico Móvel de Saúde Especializada, que possibilitou a realização de consultas, exames e cirurgias eletivas dentro da aldeia. Com o uso de tecnologia de ponta, Martines destacou a eficácia dos procedimentos realizados, que devolveram a visão a muitos pacientes.
Além do atendimento oftalmológico, as crianças da comunidade também receberam cuidados, com a pediatra Priscila Gonçalves enfatizando a importância da vacinação até em áreas remotas. As equipes do mutirão também realizaram triagens fluviais em comunidades ao longo do Alto Rio Solimões.
O mutirão na Aldeia Belém dos Solimões foi apenas o primeiro de cinco planejados em território indígena na Amazônia brasileira, com próximas edições programadas para acontecer nos estados do Amazonas, Acre e Mato Grosso até novembro. O segundo mutirão já está em andamento na Aldeia Morada Nova, em Itamarati (AM), onde o centro cirúrgico também foi instalado, respeitando a cultura indígena durante os procedimentos.
Outros mutirões estão previstos para ocorrer na Aldeia Itacoai no Vale do Javari e nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) Xavante (MT) e Alto Rio Juruá (AC).
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