Brasília, 07/08/2025 – A apresentação do primeiro conjunto de edifícios da nova capital federal por Oscar Niemeyer previa a integração de obras de arte às fachadas dos palácios da Esplanada dos Ministérios. Contudo, o Palácio da Justiça só recebeu essa adição nesta quinta-feira (7), simbolizando a materialização do conceito idealizado. Durante uma cerimônia que exaltou o patrimônio cultural e a sustentabilidade, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) inaugurou uma escultura de Roberto Burle Marx, localizada no espelho d’água da fachada principal.
O ministro Ricardo Lewandowski destacou o significado cultural, histórico e institucional da nova obra. “A estrutura que hoje se junta ao patrimônio da Esplanada dos Ministérios tem uma trajetória única, criada por Burle Marx nos anos 1980. Essa obra simboliza a integração cultural entre nossas regiões e reflete a ideia original de Lúcio Costa, ligando os palácios do Itamaraty e da Justiça”, afirmou.
Lewandowski também ressaltou que a escultura no Jardim Aquático do Palácio da Justiça estabelece um diálogo visual que há muito se esperava. Ele acrescentou que a relevância dessa inauguração vai além do aspecto estético, especialmente em um momento em que o governo Lula tem avançado em questões ecológicas.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, presente no evento, celebrou a colaboração entre os ministérios como um sinal do compromisso do governo Lula em valorizar o patrimônio cultural brasileiro. Ela destacou que a ação não apenas homenageia os 65 anos de Brasília, mas também reitera a importância da proteção do patrimônio cultural ao integrar arte, natureza e arquitetura, elementos centrais na criação da cidade.
A escultura, que foi transportada de Sítio Roberto Burle Marx, uma unidade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Rio de Janeiro, chegou a Brasília em 21 de junho. Com aproximadamente 3,15 metros de altura por 1,30 metro de largura, a peça em granito claro apresenta formas cuidadosamente esculpidas e é considerada uma obra “em processo”, em sintonia com o conceito modernista do edifício.
O Iphan, o Governo do Distrito Federal e a Unesco apoiaram a inserção da obra, dado que o Plano Piloto de Brasília é reconhecido como Patrimônio Cultural e Patrimônio Mundial. Durante a cerimônia, também foi lançado um selo comemorativo dos Correios com a imagem da escultura.
Histórico
Embora Lúcio Costa tenha idealizado uma correspondente relação visual entre os palácios do Itamaraty e da Justiça, a sede do MJSP, concluída por último, não possuía uma escultura em sua fachada. O Meteoro de Bruno Giorgi, erguido em 1967 no Itamaraty, simboliza a confluência dos continentes, contribuindo para a identidade estética do edifício.
Inaugurado em 1972, o Palácio da Justiça recebeu um projeto paisagístico de Burle Marx em parceria com José Waldemar Tabacow e Haruyoshi Ono, criando um diálogo com a estrutura arquitetônica por meio de seus jardins.
Comissão de Curadoria
O processo de instalação da escultura foi iniciado em agosto de 2024, quando o MJSP, o Iphan, o Ministério da Cultura e a Presidência da República firmaram um acordo para o projeto de recuperação e modernização do Palácio da Justiça e seus jardins. Uma Comissão Consultiva de Curadoria foi criada para orientar os trabalhos, composta por especialistas reconhecidos.
Em abril de 2025, a comissão finalizou um relatório de viabilidade técnica, considerando a interação estética e simbólica com o Itamaraty, que já possui uma escultura em seu jardim.
Significado e impacto
Esta iniciativa representa uma reparação histórica à obra de Burle Marx, que completaria 116 anos esta semana, e destaca sua relevância como paisagista e ecologista desde os anos 1970. Além disso, é uma homenagem do Governo Federal aos 65 anos da fundação de Brasília, que não só celebra sua história, mas também fortalece a proteção do patrimônio cultural.
Com essa adição, a Esplanada dos Ministérios se enriquece com um novo elemento que integra arte, natureza e arquitetura, reafirmando Brasília como um símbolo de modernidade e vanguarda no cenário global.
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