A comunidade científica e tecnológica da Amazônia apresentou ao embaixador André Corrêa do Lago, responsável pela 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), um documento que enfatiza a importância do conhecimento local e dos saberes tradicionais no enfrentamento da crise climática, promovendo a justiça socioambiental e o desenvolvimento sustentável na região. A entrega ocorreu na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em Manaus.
O evento contou com a presença do professor Henrique Pereira, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), e de vários pesquisadores do instituto, que colaboraram na elaboração do documento. O material foi também entregue à ministra Luciana Santos, da Ciência, Tecnologia e Inovação, e à primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja. Autoridades federais, como o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, além de deputados, cientistas, professores e representantes de movimentos indígenas e ribeirinhos, participaram da cerimônia.
O documento, fruto de um “mutirão científico” envolvendo mais de 70 instituições, foi consolidado em um encontro de dois meses. Sua síntese será incluída nas discussões sobre as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) do Brasil para o período de 2025 a 2035, alinhando-se a políticas como o Plano de Transformação Ecológica e o Plano Clima. A reitora da Ufam, Tanara Lauschner, foi responsável pela leitura do texto.
Durante o evento, o embaixador Corrêa do Lago ressaltou o potencial acadêmico e científico dos pesquisadores da Amazônia, especialmente em preparação para a COP30, que acontecerá em Belém, no Pará, em novembro. “Temos que ser os maiores especialistas de nós mesmos”, disse ele, destacando a importância da participação inclusiva do Brasil na conferência.
O professor Henrique Pereira, que colaborou com o documento junto ao coordenador de pesquisas do Inpa, Dr. Jorge Porto, explicou que o relatório apresenta soluções para que o Brasil atinja suas metas climáticas, como a recuperação de 12 milhões de hectares e o controle do desmatamento até 2030. Ele enfatizou a necessidade de desenvolver sistemas agroalimentares resilientes para garantir segurança e soberania alimentar na Amazônia.
A ministra Luciana Santos afirmou que institutos como o Inpa têm reconhecimento internacional e estão na vanguarda do diálogo sobre a Amazônia. Ela reiterou que, enquanto o Brasil busca cumprir suas metas climáticas, é fundamental que os países do norte global façam compromissos concretos de descarbonização.
O Inpa se destaca, com o Programa de Coleções Científicas Biológicas (PCCB), que abriga um extenso repositório da biodiversidade amazônica, além de coordenar o AmazonFACE, o primeiro experimento de enriquecimento de CO2 em uma floresta tropical.
O evento também contou com a participação da primeira-dama, Janja, que enfatizou a relevância de incluir as vozes das mulheres das comunidades na discussão sobre mudanças climáticas.
O documento coletivo teve como base as contribuições das instituições de ciência, tecnologia e inovação para a Agenda de Ação da COP30, que abrange áreas como energia, florestas, agricultura e desenvolvimento humano.
Além disso, o Inpa foi um parceiro na elaboração do Relatório de Atividades da COP30 na Amazônia, que destacou a urgência de justiça climática, financiamento internacional e transição para economias de baixo carbono, respeitando modos de vida tradicionais.
Para mais notícias, acesse o Portal Defesa – Agência de Notícias.