A ação coordenada do governo federal para enfrentar o garimpo ilegal e proteger os povos indígenas na Terra Indígena Yanomami (TIY) tem gerado resultados significativos entre 2023 e 2025. Após anos de abandono, que comprometeram tanto o território quanto os direitos das comunidades, as operações já resultaram em danos superiores a R$ 477 milhões, com a apreensão de numerosas máquinas, armas e destruição de estruturas ilegais.
Sob a coordenação da Casa Civil, a Casa de Governo, estabelecida em fevereiro de 2024, congrega diversos órgãos federais. Na última segunda-feira (11), foram contabilizadas 6.425 ações voltadas ao combate, fiscalização e assistência humanitária. Na semana anterior, uma apreensão recorde de 103 quilos de ouro foi registrada nas proximidades de Boa Vista (RR). Com isso, o total de apreensões realizadas pelas forças federais chegou a 138 quilos, avaliados em R$ 82,2 milhões, de acordo com a cotação da última sexta-feira (8).
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, comentou: “O governo Lula estabeleceu um marco histórico nessas ações integradas, garantindo saúde, diálogo e segurança para os povos indígenas e a população de Roraima”, sublinhando a relevância de medidas permanentes em colaboração com lideranças indígenas.
Com relação à logística do garimpo, em julho, o índice de áreas de garimpo ilegal na TIY caiu 98%. As autoridades já destruíram 627 acampamentos, 207 embarcações, 101 balsas e 29 aeronaves, além de inutilizar mais de 112 mil litros de diesel e 12 mil litros de gasolina. Também foram desativadas 59 pistas de pouso clandestinas.
A realização de ações-surpresa tem sido uma estratégia frequente para desmantelar operações ilegais. Em junho, a Operação Asfixia contou com mais de 220 horas de voo para identificar, apreender e destruir as estruturas nocivas.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, ressaltou: “Depois de quatro anos de descaso e omissão (2019–2022), que puseram em risco a vida e a dignidade das comunidades indígenas, nossa gestão avança de maneira concreta na proteção dos povos Yanomami, Ye’kwana e Sanöma”.
Além das ações de combate, novas estruturas permanentes estão em fase de inauguração em Roraima, incluindo um polo de saúde em Surucuru, o Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDHYY) e o Centro de Atendimento Integrado à Criança Yanomami e Ye’kwana (CAICYY). Em diversas regiões, a reativação do cultivo de culturas tradicionais demonstra que as comunidades estão recuperando sua subsistência.
Entre 2021 e 2022, a TI Yanomami enfrentou uma das suas maiores crises desde a demarcação em 1992. O avanço do garimpo ilegal afetou gravemente a saúde, o meio ambiente e a segurança das comunidades. A redução na fiscalização e a fraqueza das estruturas de proteção intensificaram a crise humanitária.
Dados da Hutukara Associação Yanomami e da Associação Wanassedume Ye’kwana apontam que, até 2020, aproximadamente 2.400 hectares de floresta foram degradados pelo garimpo, com esse número crescendo nos anos subsequentes, especialmente nas bacias dos rios Uraricoera, Mucajaí, Catrimani e Parima. Regiões como Waikás, Kayanau e Aracaçá foram as mais afetadas.
A expansão do garimpo resultou em um aumento nos casos de malária, picos de Covid-19 em comunidades isoladas, contaminação por mercúrio, e diversos conflitos, incluindo violência sexual. A presença de invasores afastou a fauna, dificultando a prática da caça e da pesca tradicionais, enquanto a contaminação por mercúrio comprometeu a qualidade dos rios, contribuindo para a desnutrição.
Sem ações coordenadas, o garimpo tornou-se uma mineração de médio porte, com infraestrutura sólida, acampamentos estabelecidos e exploração em larga escala, semelhantemente aos anos 1980 e 1990, antes da desintrusão que permitiu a demarcação da TI Yanomami.
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