O Ministério das Relações Exteriores promoveu, nesta quinta-feira (26/06), em Brasília, o seminário “A Sociedade Brasileira e a Política Externa”, com o objetivo de impulsionar a criação do Conselho Nacional de Política Externa (CONPEB). O evento, que contou com o apoio do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), reuniu acadêmicos, representantes da indústria, sindicalistas e organizações da sociedade civil focadas em questões de gênero, diversidade regional, geracional, ideológica e étnico-racial.
Na abertura do seminário, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, ressaltou a importância do CDESS e do Conselho Nacional de Participação Social como canais essenciais de diálogo com a sociedade. Ele destacou a diversidade entre os participantes e o papel estratégico do evento: “Esperamos identificar melhor as perspectivas brasileiras diante das mudanças no cenário internacional e coletar elementos que possam orientar as estratégias e prioridades da política externa”, afirmou.
Representando o CDESS, a conselheira Nina Silva apresentou quatro propostas para uma política externa que promova a soberania e a inclusão produtiva:
1. Criação de hubs de bioinovação em biomas estratégicos, integrando saberes tradicionais, ciência e financiamento internacional;
2. Exportação de modelos de negócios inclusivos brasileiros, como fintechs, edtechs e healthtechs, destacando iniciativas como Movimento Black Money, Afreektech e Trampay;
3. Criação de um Fórum Brasil-Diáspora Empresarial, focado em empreendedorismo feminino, negro e periférico;
4. Inserção do Brasil como mediador em governança digital e climática global, com ênfase em inovação ética e uso equitativo de inteligência artificial e dados.
Segundo dados apresentados por Nina, um estudo do Instituto Identidades do Brasil (IDBR) em parceria com a World-Transforming Technologies (WTT) estima que a inclusão econômica da população negra poderia adicionar R$ 300 bilhões ao PIB nacional anualmente. “O Brasil é uma nação de inteligência, diversidade e produção. O Conselho de Política Externa, se estruturado com a participação efetiva da sociedade, pode reposicionar o país como uma força global legítima, justa e inovadora”, defendeu.
O CONPEB é concebido como um espaço permanente para a interlocução entre o Itamaraty e diversos segmentos da sociedade, respondendo a uma lacuna atual, já que o Ministério participa de vários colegiados, mas não possui um canal institucional estruturado para escuta em política externa.
Para Simone Nascimento, do Conselho Nacional de Participação Social, é imprescindível que o Itamaraty implemente mecanismos permanentes de escuta social, especialmente no contexto de eventos internacionais como o G20 e a COP 30 em solo brasileiro. “Além disso, é fundamental transversalizar a pauta da participação social, garantindo que a sociedade civil tenha voz na representação durante esses momentos”, afirmou.
A secretária-executiva da Secretaria-Geral da Presidência da República, Kelli Mafort, relembrou o surgimento do Conselho de Participação Social em 2023: “A participação social se tornou uma prioridade desde o processo de transição de governo, impulsionada pela sociedade civil. Agora, é hora de avançar também no plano internacional.”
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