domingo, agosto 17, 2025
No menu items!
Google search engine
HomeNotíciasDebate analisa como a ciência pode fortalecer políticas públicas voltadas para a...

Debate analisa como a ciência pode fortalecer políticas públicas voltadas para a ação climática

O papel da ciência na formação de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável e o enfrentamento das mudanças climáticas foi tema de discussão no painel “Diplomacia Científica Rumo à COP30: Clima, Sustentabilidade, Biodiversidade”, realizado na última sexta-feira (08), em Brasília.

O evento fez parte do workshop ‘Introdução à Diplomacia Científica para o Desenvolvimento Sustentável: Prioridades Regionais da América Latina rumo à COP30’, que contou com a presença de formuladores de políticas, cientistas e representantes de setores produtivos de 15 países. O objetivo foi fortalecer a diplomacia científica como uma estratégia eficaz para lidar com os desafiantes problemas globais.

Promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em parceria com o Centro de Diplomacia Científica do Instituto Latinoamericano para Pesquisa em Mudança do Clima (IAI) e o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), o evento insere-se nos diálogos preparatórios para a Conferência do Clima, programada para novembro em Belém (PA). Através da diplomacia científica, pretende-se elaborar recomendações estratégicas para identificar prioridades e formular propostas regionais.

Ao apresentar o papel do MCTI na agenda climática, Márcio Rojas, coordenador-geral de Ciência do Clima do MCTI, destacou a importância da intersecção entre ciência e políticas públicas diante da crescente complexidade dos desafios globais. “Devemos fomentar pesquisas na vanguarda do conhecimento sobre mudanças climáticas no Brasil, para que o conhecimento gerado sirva como base para a tomada de decisões”, ressaltou. Ele também enfatizou a necessidade de disseminar as informações produzidas, garantindo que a sociedade tenha acesso ao conhecimento e esteja bem-informada sobre as mudanças climáticas.

Rojas citou dois projetos significativos, o Observatório da Torre Alta da Amazônia (ATTO) e o Programa AmazonFACE, que, com apoio internacional da Alemanha e do Reino Unido, respectivamente, deram origem a novas colaborações e iniciativas. “A diplomacia científica nos permitiu avançar em diferentes frentes, criando um ciclo virtuoso de sinergias”, afirmou.

José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), abordou a importância da utilização de dados científicos para a prevenção de desastres. Ele explicou que a maioria dos desastres no Brasil e na América Latina é climática, associada a chuvas ou secas. Entretanto, a vulnerabilidade das populações locais é um fator determinante para os impactos. “A chuva não causa mortes; são as pessoas em situação de vulnerabilidade que estão expostas”, exemplificou. De acordo com dados internacionais, em 2023, enchentes e tempestades foram as principais causas de mortes relacionadas a desastres na América Latina e no Caribe, seguidas por deslizamentos de terra.

Marengo destacou que o aumento do acesso a sistemas de alerta antecipados é essencial para a prevenção de desastres.

Por sua vez, Bráulio Ferreira de Souza Dias, diretor de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), ressaltou a necessidade de aprimorar a interação entre ciência e políticas. Ele apontou a importância de valorizar os cientistas, que frequentemente não recebem reconhecimento adequado pelo seu trabalho colaborativo com governos e empresas. Contudo, Dias observou que ainda existem resistências por parte dos pesquisadores em firmar essas parcerias, temendo que sua independência seja comprometida. “Algumas universidades já superaram esse obstáculo e estabeleceram diretrizes. É necessário um maior engajamento”, disse.

O diretor também destacou que é vital melhorar a comunicação da ciência para a sociedade. A produção de conhecimento de qualidade deve ser acompanhada por um esforço para superar barreiras de acesso à informação. “Publicar artigos e relatórios não é suficiente. As pessoas se interessam quando há uma conexão com seu dia a dia”, sintetizou.

Pedro Ivo Ferraz da Silva, coordenador de assuntos científicos e tecnológicos do Departamento de Clima do Ministério das Relações Exteriores (MRE), e ponto focal do Brasil para o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), expôs a relação entre diplomacia e ciência, afirmando que a ciência é fundamental para os regimes internacionais ambientais. “Os regimes internacionais só existem devido à ciência. Sem as evidências científicas sobre a mudança climática, não teríamos a capacidade política para tomar as decisões necessárias”, afirmou.

Silva também abordou a importância de fóruns internacionais, como o BRICS, que proporcionam um espaço para o debate e a colaboração sobre questões climáticas que afetam países em desenvolvimento. “O BRICS é um ambiente essencial para discutir ciência climática”, concluiu.
Para mais notícias, acesse o Portal Defesa – Agência de Notícias.

RELATED ARTICLES
- Advertisment -
Google search engine

Most Popular

Recent Comments