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Bahia destaca projeto de sinalização dos locais de memória dos africanos escravizados

O Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB) sediou na última segunda-feira a etapa baiana do Projeto de Sinalização e Reconhecimento dos Lugares de Memória dos Africanos Escravizados no Brasil. A ação é coordenada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, em parceria com os Ministérios da Igualdade Racial, da Cultura, da Educação e a UNESCO. A iniciativa baseia-se no Inventário Nacional dos Lugares de Memória dos Africanos Escravizados no Brasil, divulgado em 2013 pela Universidade Federal Fluminense e pela UNESCO.

A Bahia é um dos principais focos do projeto, abrigando 25 dos aproximadamente 100 locais destacados na primeira fase, sublinhando sua importância na história da escravidão no Brasil. O evento incluiu a apresentação do projeto à sociedade civil e uma visita técnica ao Cais da Cidade Baixa, reconhecido como um dos principais pontos de entrada de africanos traficados. Antes da proibição do tráfico em 1831, milhares de pessoas escravizadas desembarcaram ali, e o local continuou a ser utilizado para o tráfico interno e transatlântico.

Moema Carvalho Lima, coordenadora-geral de Memória e Verdade da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Pessoas Escravizadas, destacou a importância da participação das comunidades locais para o sucesso do projeto. Representantes de instituições parceiras, como IPHAN, IPAC e a Fundação Gregório de Mattos, enfatizaram a necessidade de uma articulação interinstitucional na preservação da memória afro-brasileira. A Defensoria Pública da União também reforçou a relevância da justiça social para a reparação histórica.

O evento promoveu um diálogo com a sociedade civil. Cíntia Maria, diretora do MUNCAB, enfatizou o papel dos museus como espaços dinâmicos da cultura negra e da memória coletiva. Participantes como Nilma Santos e Sheik Abdul Ahmad destacaram a importância de valorizar os territórios historicamente ocupados pela população negra e de manter as conexões entre o Brasil e a África. A vereadora Marta Rodrigues (PT) também participou, trazendo uma placa simbólica da Ladeira dos Malês, um marco da resistência negra.

Pai Buda, líder do terreiro Roça do Ventura, conduziu uma bênção à ancestralidade negra e enfatizou a importância da preservação das tradições afro-brasileiras. Em suas palavras, ele expressou o esforço do povo Jeje para preservar e divulgar a tradição dos Voduns, divindades de religiões de matriz africana.

Selma dos Santos, do Centro de Memória da Bahia, ressaltou a importância das políticas públicas estaduais na valorização da memória. Durante a visita técnica, a comunidade teve a oportunidade de conhecer um modelo de placa que será replicado em outros locais, visando fortalecer a preservação histórica.

A escolha da data do evento possui um forte simbolismo, uma vez que agosto inclui o 23 de agosto, declarado pela UNESCO como Dia Internacional da Lembrança do Tráfico de Pessoas Escravizadas e da Abolição da Escravatura. Este dia rememora a revolta de escravizados na noite de 22 para 23 de agosto de 1791, no atual Haiti, evento que catalisou a Revolução Haitiana e impulsionou movimentos abolicionistas nas Américas.

O projeto de sinalização representa uma ação concreta de afirmação da memória, reparação simbólica e resistência. A iniciativa prevê expansão para outros estados, reafirmando o compromisso do Ministério dos Direitos Humanos com a preservação do patrimônio e a valorização da história da população negra no Brasil.
Para mais notícias, acesse o Portal Defesa – Agência de Notícias.

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