As narrativas mais desafiadoras têm o poder de inspirar e, neste contexto, destaca-se a história de Maria Audiva Amorim Nunes, conhecida como dona Diva, residente na comunidade Baixão dos Caboclos, em Casa Nova, Bahia. Com um olhar expressivo e uma força notável, ela compartilha, emocionada, parte de sua trajetória repleta de dificuldades antes de encontrar dias melhores.
“Antes, buscávamos água em um açude a cerca de três quilômetros de casa. Levávamos um jumento, amarrávamos baldes e trazíamos a água para irrigar as plantas e alimentar os animais. Era uma luta constante. Sempre plantamos e criamos animais, mas muitas vezes não havia água, e tudo morria”, recorda dona Diva.
No entanto, toda história de perseverança tem seu ponto de inflexão. Para dona Diva, isso ocorreu em 2010, com o acesso ao Programa Cisternas. Apesar da boa notícia, ela precisou de determinação para transformar sua realidade. A família não dispunha de recursos para a escavação da cisterna, tarefa que na época era responsabilidade dos beneficiários. Com o apoio da filha Daiane, então com 22 anos, e um jovem ajudante, ela cavou um buraco de oito metros de diâmetro e 1,80 metro de profundidade.
“Vi muitos homens desistindo, e pensei: ‘Sou mulher e não vou desistir! Vou cavar até conseguir’”, lembrou. Após mais de 20 dias de trabalho intenso, a cisterna finalmente ficou pronta. “Quando a cisterna ficou pronta, o problema se resolveu. Após isso, nunca mais faltou água. Hoje, cultivamos milho, feijão, palma, mandioca, leucena, e alimentamos os animais. Crio galinhas, porcos, bodes e um pouco de gado”, celebra.
A tecnologia de acesso à água promoveu mudanças significativas para a família de dona Diva. Hoje, sua filha Daiane Nunes, de 37 anos, também se sustenta com a agricultura familiar, inspirada pela força da mãe no passado. Diferentemente de antes, Daiane teve apoio do Programa Cisternas para contratar uma escavadeira, tornando o processo menos árduo.
“Planto e crio animais tanto para o consumo quanto para a venda, mas a maior parte é para nós. Saber que a comida veio do nosso quintal é muito gratificante. Com a cisterna, não precisamos comprar alimentos com agrotóxicos”, destaca Daiane.
Ela também recebe apoio do Programa Fomento Rural, que oferece R$ 4,6 mil e assistência técnica para famílias rurais de baixa renda. “Com a cisterna, tenho água suficiente para investir na propriedade e, junto com o recurso do programa, planejo ampliar a produção. Estou animada”, revela.
Laelson de Matos Ferreira, gestor ambiental e técnico em agropecuária, destaca a importância dos programas Cisternas e Fomento Rural para o desenvolvimento sustentável das famílias. “Esses programas permitem que as famílias implementem mais projetos em suas vidas, promovendo avanço nas produções.”
O Programa Cisternas tem como objetivo facilitar o acesso à água para consumo e cultivo, utilizando tecnologias sociais simples e de baixo custo. Voltado para famílias de baixa renda e comunidades afetadas pela seca, prioriza povos tradicionais. Para participar, as famílias devem estar registradas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal.
O Programa Fomento Rural, por sua vez, combina acompanhamento social e transferência de recursos financeiros não reembolsáveis para que famílias rurais desenvolvam seus projetos produtivos, com o intuito de melhorar a segurança alimentar e superar a pobreza.
Para mais notícias, acesse o Portal Defesa – Agência de Notícias.