A Rede GIRC (Governança, Integridade, Riscos e Controles Internos) realizou, na última sexta-feira (14/8), um painel de debates no auditório térreo do Bloco K, com o tema “Você é mais do que Sei… Inteligência Artificial, Ética e Inovação na Burocracia Pública”. Este evento marcou a 52ª edição da rede e abordou questões referentes à ética, governança e inovação no uso da inteligência artificial, bem como seus impactos e aplicações no setor público, incluindo os riscos sociais e as consequências nas interações pessoais e no mundo do trabalho.
O painel foi mediado pela presidenta da Comissão de Ética da Advocacia-Geral da União (AGU), Mariana Montenegro, contando com a participação de importantes figuras, como a ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edilene Lôbo; o diretor de Segurança e Prevenção de Riscos no Ambiente Digital do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Ricardo de Lins e Horta; além da professora e advogada Patrícia Peck.
Mariana Montenegro destacou a relevância de refletir sobre o papel humano em um mundo cada vez mais tecnológico, enfatizando que as decisões tecnológicas devem colocar a perspectiva humana no centro. “O tema ‘Você é mais do que Sei’ é instigante. Para quem está no serviço público, é impossível não lembrar do Sistema Eletrônico de Informações (SEI), que revolucionou a burocracia digital. Contudo, devemos lembrar que os sistemas aprendem com nossas ações. É fundamental que haja uma abordagem feminina na regulação da inteligência artificial, garantindo que esta tecnologia não se transforme em controle absoluto”, afirmou.
Patrícia Peck, durante sua fala, ressaltou a necessidade de aliar inovação a princípios éticos e governança. Segundo ela, a inteligência artificial pode acelerar a aprendizagem e disseminar conhecimento, mas traz riscos se não for devidamente regulamentada. “Vivemos uma realidade onde a IA não é apenas uma ferramenta, mas um agente que interage com o ser humano. Sem um direcionamento ético, ela pode gerar resultados prejudiciais. É necessário combinar legislação, diretrizes de melhores práticas e transparência para que a tecnologia fortaleça a governança pública”, defendeu.
Em sua intervenção, a ministra Edilene Lôbo fez uma análise crítica sobre o impacto da inteligência artificial, destacando a importância de sua implementação ética e responsável. “Devemos sempre manter o ser humano no centro das decisões que envolvem tecnologia, preservando valores de justiça e equidade. A tecnologia deve reforçar a governança pública e melhorar os serviços à população, atentando para as implicações sociais de cada inovação”, pontuou.
O diretor Ricardo de Lins enfatizou os desafios éticos nos sistemas de IA, especialmente no reconhecimento facial. “Esses sistemas muitas vezes funcionam como caixas pretas; até mesmo seus criadores não compreendem completamente como chegam a determinados resultados. Precisamos de regras claras e valores bem definidos, assegurando que a ética na IA se traduza em práticas responsáveis”, comentou.
Ao final do evento, os debatedores responderam a perguntas dos participantes e do público que acompanhava a transmissão pelo YouTube.
A Rede GIRC, estabelecida em 2017, é uma iniciativa colaborativa que busca disseminar boas práticas e promover discussões sobre Governança, Integridade, Gestão de Riscos e Controles Internos no setor público, congregando cerca de 1.200 profissionais de diversas entidades governamentais.
Para mais notícias, acesse o Portal Defesa – Agência de Notícias.