O estudo “Impactos do Plano de Transformação Ecológica” foi apresentado na terça-feira (12/8) no auditório do Tesouro Nacional, em Brasília. Esta pesquisa, inédita, foi desenvolvida em colaboração entre o Ministério da Fazenda, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a Parceria para Ação em Economia Verde, com a implementação técnica do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE-UFRJ). O documento sugere que a adoção do Novo Brasil pode estimular o crescimento do PIB nacional, gerar cerca de 2 milhões de empregos até 2035 e acelerar a descarbonização da economia.
A análise foi realizada com base em um modelo macroeconômico dinâmico e multissetorial, avaliando os impactos de políticas públicas focadas em uma economia verde em diferentes cenários. O estudo abrangeu as seis áreas principais do Novo Brasil, com ênfase em biocombustíveis, agricultura sustentável, investimentos em tecnologia e infraestrutura.
Os resultados indicam que as políticas do Novo Brasil são fundamentais para que o país cumpra as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e atinja a neutralidade das emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050. A modelagem revela a importância de políticas que atendam setores de difícil descarbonização, destacando o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões e a necessidade de aumentar a produtividade da terra, ao mesmo tempo em que se combate o desmatamento.
O estudo também ressalta que, no contexto brasileiro, não há um antagonismo entre o crescimento econômico e as políticas climáticas. Ao contrário, existem oportunidades concretas para aumentar a competitividade do país, atrair investimentos e fomentar um desenvolvimento inclusivo que gera empregos e melhora a qualidade de vida.
O secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux, destacou que o programa reflete uma visão de governo que considera a sustentabilidade como central para o desenvolvimento. Ele afirmou que, enquanto outros países veem a transição para um novo modelo econômico como um custo, o Brasil a interpreta como uma oportunidade, dada sua posição geográfica e suas capacidades científicas.
Para Guilherme Mello, secretário de Política Econômica do MF, o Plano de Transformação Ecológica é um dos pilares da estratégia de desenvolvimento do país. Ele enfatizou a necessidade de traduzir essa iniciativa em impactos tangíveis para a economia real, transformando boas ideias em investimentos e inovação.
Cristina Reis, subsecretária de Desenvolvimento Econômico Sustentável da SPE, afirmou que o estudo confirma, por meio de um método rigoroso de análise, o potencial da transformação ecológica para o Brasil, tanto a curto quanto a longo prazo. Desde o lançamento do programa em 2023, a principal preocupação era entender como as políticas do PTE afetariam o PIB e os empregos, e a pesquisa respondeu a essas questões.
Os principais resultados do estudo incluem:
– Crescimento do PIB com uma média de 0,8 ponto percentual ao ano até 2035.
– Aumento da renda per capita em mais de 4 pontos percentuais até 2050.
– Criação de até 2 milhões de novos empregos em diversos setores.
– Diminuição das emissões de gases de efeito estufa, com possibilidade de neutralidade até 2050.
– Aumento de até 7,1 pontos percentuais no índice de qualidade do habitat e na preservação da biodiversidade.
– Não agravamento da desigualdade de renda, podendo até reduzi-la em certas simulações.
O Novo Brasil é estruturado em seis eixos principais: Finanças Sustentáveis, Adensamento Tecnológico, Bioeconomia e Sistemas Agroalimentares, Transição Energética, Economia Circular e Nova Infraestrutura Verde, além de Adaptação. O estudo destaca que políticas robustas nestas áreas podem induzir mudanças estruturais positivas, acelerando o crescimento econômico e a descarbonização da economia brasileira.
Conforme ressaltou Beatriz Martins Carneiro, representante interina do Pnuma no Brasil, a modelagem sublinha que a transformação ecológica é um caminho essencial para que o Brasil alcance suas metas no Acordo de Paris e avance em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com benefícios claros para a economia e a sociedade.
Para Ítalo Pedrosa, professor da UFRJ e coordenador do projeto, a pesquisa se destacou por considerar as especificidades das emissões brasileiras, onde o desmatamento e as atividades agropecuárias exerciam um papel central. A equipe desenvolveu um modelo dinâmico que abrange diversas fontes de emissão, permitindo uma análise abrangente das interconexões econômicas.
A Parceria das Nações Unidas para Ação na Economia Verde (Page) é uma iniciativa que ajuda países a se converterem em economias mais sustentáveis e de baixo carbono, reunindo experiências de várias agências da ONU. O apoio inclui capacitação, assistência técnica e análise de políticas para promover empregos verdes e uma transição justa.
Por sua vez, o Pnuma é a principal autoridade global em questões ambientais, comprometida em ajudar na construção de economias que enfrentem a mudança climática e promovam a preservação da natureza.
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