A Fiocruz, por meio de Bio-Manguinhos, lançou a primeira plataforma nacional de RNA mensageiro (RNAm) para vacinas e terapias, marcando um avanço significativo na ciência brasileira e assegurando ao país a autonomia em pesquisa, desenvolvimento e produção dessa tecnologia de ponta.
Com a plataforma totalmente nacional, desenvolvida com apoio do Ministério da Saúde e recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Fiocruz agora dispõe de uma base tecnológica que permite a criação de novos produtos de maneira ágil e custo-efetiva. Para cada patologia, basta inserir a “informação genética” para gerar a resposta imunológica, eliminando a necessidade de reiniciar todo o processo. A tecnologia já foi registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
A primeira vacina a ser desenvolvida com essa nova tecnologia será contra a Covid-19. Os testes toxicológicos já foram finalizados, e os estudos clínicos devem começar ainda este ano. Além disso, pesquisas envolvendo RNA mensageiro estão em curso para vacinas contra leishmaniose e tuberculose, além de terapias focadas em doenças como o câncer.
Patricia Neves, líder do projeto RNA em Bio-Manguinhos, destaca que essa conquista posiciona o Brasil na vanguarda da biotecnologia, reforçando seu papel estratégico na ampliação do acesso a medicamentos na América Latina e na África.
As vacinas baseadas em RNAm instruem o sistema imunológico a combater infecções de maneira eficaz e segura. Um diferencial da plataforma de Bio-Manguinhos é o envoltório lipídico, desenvolvido com características específicas, que protege o RNA. Esse avanço proporciona independência em relação a formulações de terceiros, reduzindo custos e fortalecendo a autonomia tecnológica do Brasil.
Essa tecnologia é essencial para o fortalecimento do Complexo Econômico e Industrial da Saúde (CEIS) e do Sistema Único de Saúde (SUS), pois permite a produção interna de vacinas inovadoras em menor prazo e a custos reduzidos. Isso expande o acesso aos imunizantes de última geração no Brasil e contribui para a diminuição das desigualdades em saúde global, posicionando o país como um líder em ciência.
Desde 2021, Bio-Manguinhos é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como centro de referência em vacinas de RNA mensageiro na América Latina, tendo iniciado suas pesquisas nessa área em 2018, com foco em terapias contra o câncer de mama, consolidando-se como um protagonista na inovação em saúde pública.
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