A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, destacou, nesta quarta-feira (9), na Câmara dos Deputados, a importância da união política para o progresso do Brasil. Durante uma audiência conjunta das Comissões de Fiscalização Financeira e Controle; Viação e Transportes; e Integração Nacional e Desenvolvimento Regional, ela apresentou as prioridades do projeto Rotas de Integração Sul-Americana, além de detalhar um acordo firmado com a China para a realização de estudos técnicos sobre a viabilidade da ferrovia bioceânica, sem custos para o governo brasileiro. Este projeto é considerado vital para a integração regional e para fortalecer as exportações brasileiras à Ásia.
Em sua fala, a ministra enfatizou que o compromisso com o desenvolvimento deve transcender as diferenças ideológicas, sublinhando a necessidade de articulação entre as diversas esferas do governo e forças políticas com objetivos comuns. Ela também ressaltou que parcerias internacionais são fundamentais para a implementação de projetos que enfrentam limitações orçamentárias, permitindo os avanços necessários sem impactar o Tesouro Nacional.
“Ninguém constrói um país com ódio. O ódio não edifica uma nação. Quando compreendemos que o que nos une é infinitamente maior do que as diferenças que nos separam, nos tornamos a nação que desejamos ser”, afirmou Tebet durante a audiência.
A ministra assinalou que o Brasil está diante de uma janela de oportunidades que pode ser curta, com dados do IBGE e do IPEA reforçando a importância de políticas estruturantes. Ela mencionou o progresso nas Rotas de Integração Sul-Americana, cuja primeira rota já está em fase de implementação e deve ser inaugurada ainda este ano.
O projeto, que originou-se do chamado “Consenso de Brasília” em maio de 2023 e ganhou o apoio do presidente Lula, visa transformar dez traçados em cinco corredores prioritários, conectando o Brasil a países como Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina, Uruguai e Chile. Segundo Tebet, essas rotas têm um caráter nacional e suprapartidário, complementando-se ao invés de competirem, e respeitando as vocações regionais para fortalecer a soberania brasileira.
A ministra também destacou os avanços nas negociações com a China para a criação da primeira ferrovia bioceânica da América do Sul, parte das Rotas de Integração. O projeto recebeu um impulso significativo com a assinatura de um memorando de entendimento que prevê estudos conjuntos para o corredor ferroviário que ligará os oceanos Atlântico e Pacífico.
A iniciativa busca avaliar a viabilidade de integrar ferrovias já existentes ao recém-inaugurado Porto de Chancay, no Peru, que foi financiado por capital chinês. A proposta da ferrovia parte de Lucas do Rio Verde (MT) e passa por Rondônia e Acre até a fronteira com o Peru. Os estudos serão realizados pela estatal Infra S.A., vinculada ao Ministério dos Transportes, com foco em soluções multimodais.
Tebet mencionou que, enquanto o plano original previa a conclusão dos estudos em até dez anos, a proposta chinesa reduz esse prazo para aproximadamente dois anos, acelerando o planejamento da nova infraestrutura. “Serão de 18 a 20 meses dedicados ao projeto de viabilidade, e cabe ao próximo governo decidir sobre sua implementação. Considero isso um legado que podemos deixar ao Brasil”, explicou.
A ministra frisou que o memorando representa custo zero para o Brasil, permitindo aproveitar a experiência chinesa em infraestrutura, sem serem criadas dívidas ao país. Essa colaboração visa oferecer uma alternativa ao canal do Panamá, reduzindo significativamente a distância e o tempo de transporte entre o Brasil e a Ásia, especialmente para grãos, carnes e produtos industriais.
Conforme Tebet, a China tem interesse nesse projeto, buscando uma logística mais eficiente para suas importações. “Nós não ganhamos esse projeto porque a China é generosa. Ganhamos porque a China quer comprar de forma mais barata e rápida, pois precisa alimentar sua população”, concluiu a ministra.
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