O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) promoveu, na última sexta-feira (8/8), a reintrodução de dois casais de micos-leões-dourados, após serem resgatados do tráfico internacional, na Mata Atlântica do Rio de Janeiro. Este é o único habitat natural da espécie no mundo. Os animais, que estavam em situação crítica, foram apreendidos em fevereiro de 2024, em um veleiro em Togo, na costa ocidental da África.
A soltura aconteceu em Macaé, em um local mantido em sigilo por motivos de segurança. Ambas as fêmeas estavam prenhes e uma delas deu à luz gêmeos na segunda-feira (11).
O procedimento de reintrodução integrou o Projeto GEF Áreas Privadas, coordenado pelo MMA e executado pela Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD). Carlos Eduardo Marinello, chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais (SBio) do MMA, relatou que, de um grupo de 20 micos retirados, 17 foram salvos de um tráfico que resultou na morte de três deles. “Agora, começamos a soltura, com a expectativa de que novos nascimentos ocorram em breve”, acrescentou.
Os micos serão monitorados até que se adaptem completamente ao ambiente natural. Antes da soltura, passaram por uma avaliação de comportamento no Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ) para assegurar que estavam prontos para retornar à vida selvagem.
A bióloga da AMLD, Laila Mureb, destacou que a adaptação deve ser facilitada, pois os micos passaram a maior parte de suas vidas em ambiente natural. “A maior dificuldade para animais de cativeiro é encontrar abrigo e alimento, mas esses micos já conhecem esses desafios”, explicou.
Alcides Pissinatti, chefe do CPRJ, informou que os 17 micos apreendidos em Togo estão se recuperando bem. “Estamos realizando exames de sangue e avaliações comportamentais, e todos estão vacinados. Enquanto oito serão soltos, cinco permanecerão em cativeiro devido a mutilações”, esclareceu.
A seleção dos animais reintroduzidos e os protocolos de soltura foram estipulados por especialistas do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Primatas da Mata Atlântica, coordenado pelo ICMBio.
Na mesma manhã da soltura, representantes do MMA e parceiros participaram de um seminário sobre o tráfico internacional de animais silvestres na sede da AMLD, em Silva Jardim. O evento visou discutir os desafios do combate a esse crime e a importância de fortalecer a colaboração entre as entidades envolvidas.
Apesar de o tráfico de micos-leões-dourados ter sido reduzido nas últimas décadas, a atividade voltou a ser registrada. Segundo a ONG Freeland Brasil, entre 2018 e 2022, houve a apreensão de mais de 140 mil animais vivos em ações contra o tráfico.
Carlos Eduardo Marinello, que esteve entre os palestrantes, enfatizou a necessidade de uma abordagem integrada para a conservação da biodiversidade. “É essencial pensar no território e unir ações de restauração e produção sustentável”, finalizou.
Em agosto de 2023, sete micos foram apreendidos no Suriname e repatriados ao Brasil, recebendo cuidados no Zoológico Municipal de Guarulhos. As operações de resgate contaram com a colaboração do MMA, Ministério das Relações Exteriores, Ibama, ICMBio, Polícia Federal e Freeland Brasil.
As entidades responsáveis pelos cuidados e soltura dos micos incluem o CPRJ/Inea, a AMLD, ICMBio, Zoológicos de Guarulhos e São Paulo, além da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF).
Os micos-leões-dourados estão ameaçados de extinção e são endêmicos da Mata Atlântica, especialmente das florestas de baixada do Rio de Janeiro. Iniciativas de conservação, com o envolvimento de diversas organizações, têm contribuído para aumentar a população silvestre de 200 para 4,8 mil indivíduos nos últimos 40 anos.
O Projeto GEF Áreas Privadas, financiado pelo Global Environment Facility (GEF) e implementado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), foca em promover o manejo sustentável da paisagem e fortalecer a conservação da biodiversidade em áreas privadas no Brasil.
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